terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Women are heroes, JR

Li essa entrevista com o JR publicada na magazine ANOUS Paris #506 que falava um pouco do filme-documentário "Women are Heroes", que saiu nos cinemas da França em janeiro. Fiquei morrendo de vontade de me aprofundar no assunto e deu no que deu. 


Se você é um dos privilegiados que pôde assisti-lo no Festival do Rio 2010, que sorte e bravo ! Pode deixar a sua opinião e volte no próximo post !


Se não, e se você é mais um orfão do Ano da França do Brasil, lá vai ! (Deixe a sua opinião também!)



Trailer Bresil - Women Are Heroes
envoyé par womenareheroes. - Regardez plus de films, séries et bandes annonces.



. Quem não se lembra, em junho de 2008, daquele terrível evento no Morro da Providência, onde o pseudo-exército brasileiro, ocupante da favela, entregou os jovens Wellington Gonzaga Costa, de 19 anos, Marcos Paulo da Silva, de 17, e David Wilson Florêncio da Silva, de 24, aos traficantes do Morro da Mineira, para serem brutalmente assassinados por essa facção rival (e jogados no mesmo Aterro sanitário de Gramacho de Vik Muniz) ? 


Pois bem, em agosto daquele mesmo ano, quem passava pela Perimetral não ficava indiferente à presença dos olhares daquelas mulheres do Morro da Providência, mães, combatentes, revoltadas, pesando sobre todos nós. Dois meses depois do ocorrido, lá estava JR, tentando trazer de volta um pouco de esperança, auto-estima e dar voz aos moradores da Providência. 


Mas JR vai muito além do Rio de Janeiro. Ele esteve também Sierra Leoa...

TRAILER " WOMEN ARE HEROES"
envoyé par JR. - Films courts et animations.







 Libéria...

http://www.jr-art.net/

http://www.jr-art.net/

Kenya...

Trailer Kenya - Women Are Heroes
envoyé par womenareheroes. - Regardez plus de films, séries et bandes annonces.



India...
http://www.jr-art.net/

http://www.jr-art.net/

http://www.jr-art.net/


E no Cambodia...
http://www.jr-art.net/
http://www.jr-art.net/

A obra do jovem artista francês nesta série de exposições que percorreu o mundo, revela em grandes formatos, olhares de mulheres. Mas não são fotografias aleatórias nem mulheres comuns. Cada uma das protagonistas corresponde à um encontro, uma história. São mulheres que sobrevivem num cotidiano difícil, que lidam com a violência, com perda frequentes e que mesmo assim são capazes de sorrir. 




JR, Olhos nos olhos


Texto : Fabien Menguy

Tradução e adaptação : Camille Brêtas



"Street artist" e fotógrafo de talento, JR deve sua notoriedade à idéia que ele teve de expôr seus clichés em grande formato no coração das cidades. Ao mostrar o trabalho efetuado ao redor do mundo no seu documentário "Women Are Heroes", e rcolhendo testemunhos de mulheres modelos e "models", JR nos dá o que ver e o que ouvir.




De onde veio a vontade de fazer esse filme ?
A idéia, a vontade, vem de mostrar o que há por trás destas imagens. Que história ? O que ela conta ? Eu queria ir mais longe do que essas fotos que foram vistas por aí e dar a palavra àquelas pessoas que tinham alguma coisa pra dizer.


Por que a escolha de colocar mulheres no coração deste projeto ?
A idéia não nasceu de um profundo pensamento feminista e radical, mas da idéia do confronto entre a imagem dessas mulheres com relação aos homens, sobretudo em lugares onde são os homens em geral que controlam essas ruas. As críticas e percepção da mulher por esses homens são ótimos reveladores do estado de um país.


Qual é a próxima etapa do projeto ? "Men Are Not Heroes" ? (Que pergunda idiota!!!)
Não, mas eu continuarei minha pesquisa sobre a arquitetura e as pessoas. Falando nisso, acabo de chegar da China, onde eu testei os limites da colagem no coração do país e eu testarei ainda em outros mil lugares. Que sejam cidades "simples" como na Suiça, ou mais "complicadas"como na Libéria. Não há ruas que não devam acolher estas intervenções.


Quais são as dificuldades quando se expõe na China ?
Evidentemente, é mais complicado do que em outros países. Mas nós provamos que é possível colar (os cartazes das fotos), passando pela tangente da censura. Lá, as pessoas estão tão acostumadas a não poder se expressar, que elas não esperam que os estrangeiros o façam. Nós achávamos que seríamos presos desde a primeira colagem, mas as autoridades estavam tão perplexas que nós acabamos escapando da rede.


Você já teve problemas com a justiça ?
Sim, eu já tive algumas multas e expulões mais ou menos em tudo que é lugar do mundo. O que comprova que se por um lado, pode-se ser aclamado em tantos lugares, ser convidado para cobrir a Tate Modern ou os maiores museus do mundo, por outro, pode-se ser preso pelas mesmas razões, tudo depende da lei em vigor de cada país.


O que mais o marcou neste périplo ?
Eu pude perceber que cada pessoa interpreta a obra em função do que viveu e de sua própria história. E isto é realmente muito forte. Aqui (na França), quando eu colo as pessoas se perguntam quem pagou, quem vai limpar, quanto tempo vai durar... Enquanto nos países onde nós filmamos "Women Are Heroes", as pessoas queriam acima de tudo entender qual era o sentido da obra.


Por quê ? Nós somos muito indiferentes aqui ?
Sim, pensa-se imediatamente às considerações materiais. Lá, talvez seja tão novo e improvável que as pessoas pedem uma resposta.


Você pensa que a arte pode mudar o mundo ?
Eu não teria a pretensão de dizer isso, mas (se puder) mudar o olhar sobre o mundo, já é mudar um pouco o mundo.


Colar retratos gigantes nos muros das cidades não é uma estratégia de marketing pra ser notado ?
Não, mesmo se o objetivo de um artista é compartilhar o seu trabalho. Normalmente, a única maneira de fazê-lo é expondo em uma galeria. Mas quando você tem a rua, você não precisa mais de uma galeria, você pula uma etapa. E você se dá conta que você atinge ainda mais pessoas que em um museu. Então não se trata de uma estratégia de marketing, vai muito além disso. A rua, a cidade, é o mais belo lugar para se expressar porque você está em confronto direto com as pessoas. Se alguém não gosta da obra, ela pode imediatamente rabiscar alguma coisa por cima.


O que você pensa, quando dizem que você é o "Cartier-Bresson du século XXI" ?
Cartier-Bresson não inventou a fotografia, mas reinventou o cotidiano através da fotografia nos fazendo redescobrir o mundo ao nosso redor. Da mesma maneira, eu não inventei os cartazes ou a fotografia, mas eu inventei esse sistema de compartilhar e mudar o olhar que temos sobre as coisas. Então é uma comparação que me toca.


Você se considera como um fotógrafo ?
Não, eu não me vejo como fotógrafo, nem como "artivista" nem como "fotógrafeur", mas simplesmente como um artista. Na verdade, eu passo a maior parte do tempo colando. Talvez, "colador de cartazes" seria mais adequado para me definir. Eu também passo muito tempo conversando com as pessoas, observando as reações em campo, quase como um antropólogo.


Você encontrou a sua primeira máquina fotográfica no metro. O que você teria feito sem isso ?
São os mistérios da existência : e não saberei jamais e talvez seja melhor assim. Se eu tivesse encontrado um club de golf, eu teria a possibilidade de ir jogar uma partida ou sair quebrando carros. No final das contas, foi uma sorte ter encontrado essa máquina. Isso sem dúvidas canalisou melhor minhas energias que um club de golf !!!


Tinha um filme no aparelho ?
Sim, eram fotos de família.


Você poderia colá-los na rua para o que o turista que o perdeu as reconheça ?
É verdade. Eu não sei mais o que eu fiz do filme, mas é uma boa idéia e você será créditado.


Pra terminar, de onde vem o seu nome ?
São as minhas iniciais.


Não tem nenhuma relação com o héroi de Dallas ?
Não mesmo, nem é da minha geração.







1 comentários:

Lina Reis quarta-feira, fevereiro 16, 2011  

Muito legal, amie!

Ótimo tema para o blog.

Bjos e continue 'blogando'!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

  © Blogger templates Brooklyn by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP