quinta-feira, 31 de março de 2011

Grand Prix National d'Architecture 2010 - France

Enquanto isso, na França, o Grand Prix National d'Architecture 2010 foi parar nas mãos de Frédéric Borel.

Hoje em dia eu não sou particularmente fã do FB, mas o destino faz com que eu me depare frequentemente com as suas obras.

Tudo começou no segundo ano do curso de Arquitetura e Urbanismo da FAU-UFRJ, quando a professora Adriana Sansão nos "desafiou" a procurar outras fórmulas de projetos residenciais além das formulinhas batidas que nós somos obrigados a frequentar e morar no Rio de Janeiro (e que apesar de todos os esforços do início da faculdade, somos obrigados à utilizá-los anos depois na disciplina de Projeto Executivo, e no final das contas é o que fica...). Foi aí que Frédéric Borel cruzou pela primeira vez o meu caminho e nesse nosso primeiro encontro, foi amor à primeira vista. Não necessariamente pela qualidade da obra em si, coisa que eu sequer analisei na época, mas simplesmente porque foi o arquiteto que me fez enxergar pela primeira vez que era possível e viável construir outra coisa além do que faz a Gafisa e similares...

Como eu ia dizendo, quase todos os dias passo em frente às realizações de Borel, mas embora pareça, não é tão simples assim dar de cara com elas em Paris. Além da École Nationale Supérieude d'Architecture - Paris Val de Seine, ele tem pouquíssimos projetos concluídos na cidade.

-O que chegou a suscitar uma certa polêmica por ele ter sido escolhido como ganhador do prêmio...

Levando-se em conta que eles estão em sua maioria situados em um bairro, digamos... festivo entre um bar e outro fica ainda mais difícil prestar atenção na arquitetura do quartier !  

- Mas por outro lado, eu garanto que é uma experiência surpreendente dar de cara com uma das suas referências do segundo ano da FAU às 4h da manhã e após algumas cervejas !!! -

Frédéric Borel - 100, Boulevard de Belleville
Frédéric Borel - 113, rue Oberkampf

Frédéric Borel - Pelleport
Frédéric Borel - 30, rue Ramponneau

Voltando às coisas sérias da vida, no video abaixo dá pra ter uma idéia da ENSA-PVS... Não vou traduzir porque ele não diz nada de extraordinário, rs. Mas é legal de assistir e ver o edifício de verdade.


#07 Ecole d'architecture de Paris-Val de Seine par Pavillon-Arsenal

Dentro dos aspectos positivos do edifício entra em primeiro lugar sem a menor dúvida a biblioteca da ENSA-PVS, rehabilitação de uma antiga usina de ar comprimido do final do século XIX, de autoria do arquiteto Guy le Bus, e anexa ao edifício de Borel. Ela é de fato fantástica, banhada por uma abundante iluminação natural, espaçosa e super agradável. 

Por outro lado, a grande bola fora do FB foi segregar ainda mais a ENSA-PVS. Esta grande école, na verdade é o resultado da reunião de diversas outras écoles (Beaux-Arts, La Défense, Charenton, Masséna, etc). A união é teórica já que por incrível que pareça, quando estudava por lá, o sistema de ensino de cada uma ainda prevalecia, não haviam diretrizes únicas para toda a école, ou seja, era uma loucura total !

Frédéric Borel - ENSA-PVS -Maquete mostrando a fachada principal de frente para o Sena

Frédéric Borel - Vista do interior da biblioteca

A concepão do FB me parecia não ter levado em conta esse passado heterogêneo da ENSA-PVS e na ocasião, a autonomia que ele deu aos ateliers apenas renforçou a independência, e às vezes até a competitividade entre eles, quando o ideal na minha opinião, teria sido incentivar a discussão, troca de experiências e a cumplicidade entre os estudantes de ateliers distintos.

- Ok, se comparada à FAU-UFRJ, onde o ponto de encontro entre as aulas se resume ao Cafau, à lanchonete de 12m2 no 5o. andar, aos corredores e ao hall dos elevadores, a ENSA-PVS seria a école mais federativa do mundo, capaz de incitar os estudantes à uma segunda revolução francesa, mas como todos sabemos a França está em guerra e o povo parece não estar nem aí. Enfim...

Voilà, minha primeira decepção amorosa, quer dizer, arquitetônica ! Desde que o amor acabou, Frédéric passou a se chamar Bordel, pois pra mim foi a única coisa que ele foi capaz de fazer na Val de Seine !




Nota da autora : Este post foi baseado em uma experiência de 1 ano passado em intercâmbio na ENSA-PVS. Naquela ocasião, as écoles regroupadas acabavam de se instalar no novo prédio e portanto, as condições não eram as ideais. Muitos dos estudantes passavam a dividir o mesmo teto pela primeira vez. É evidente que com o tempo, a organização e apropriação do espaço por seus usuários, tende a melhorar aspectos que podiam não ser ideais no começo. Enfim, se eventualmente eu tiver tempo e saco de voltar à ENSA-PVS, eu faço uma atualização do post.

2 comentários:

Maria DuDu sexta-feira, abril 01, 2011  

Se fosse o Grand Prix de 1988, eu acharia até razoável, mas em 2011???
Festa estranha com gente esquisita - mas nao é sempre assim aí no país do fois gras?

Maria DuDu sexta-feira, abril 01, 2011  

Muito pós-moderno para moi...

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